Esses dias em reunião com um mantenedor surgiu um questionamento válido sobre a ausência do reforço positivo na nossa cultura.
Nas palavras dele “no Brasil, se uma criança vai bem em português e mal em matemática os pais imediatamente a matriculam em um reforço de matemática”.
No lugar de investir no aprimoramento do que é positivo, sistematicamente em nossa cultura, buscamos atacar os pontos de melhoria. Procurando uma nota média satisfatória, mas não compreendendo que, com exceção dos gênios, raramente o homem é notável em mais de uma área.
Segundo a teoria das inteligências múltiplas, desenvolvida pelo psicólogo norte-americano Howard Gardner, o cérebro do homem possui oito tipos de inteligência e a maioria das pessoas possui apenas uma ou duas inteligências dessas ampliadas.
Essa dimensão cultural de sempre atacar as falhas transborda nas escolas e nas universidades. São raros os exemplos de instituições de ensino que valorizem os predicados de seus estudantes. Na realidade, são raras as instituições que estimulem o estudo.
De facto a maior parte edifica a mediocridade sistêmica.
Se um aluno está em dependência e pensa em trancar sua matrícula, estimulamos sua retenção com descontos e condições diferenciadas.
Nossos esforços e recursos são 100% orientados para a solução de crises e 0% para a ostentação da virtude.
Premiar a assiduidade, a presença, o desempenho acadêmico, a excelência deveria fazer parte de nossa agenda.
Como faz a Cleveland State University. Essa instituição implantou um modelo de recompensa para alunos que mantiverem uma rotina completa de estudos com abatimentos de mensalidades e bolsas de livros. E dessa forma reverteu uma década de taxa de graduação em torno de 30% (a média nos EUA é de 59%). Segundo reportagem da Bloomberg “em 2013, para fazer com que mais de seus alunos terminassem suas graduações no tempo certo, a faculdade passou a oferecer incentivos financeiros. A Cleveland State agora oferece um abatimento de 2% na mensalidade e bolsas de US$200 para compra de livros àqueles alunos que cumprirem uma rotina completa de estudos: ao menos 15 créditos no semestre”. A política atingiu resultados quase imediatamente. Em um ano, a taxa de graduação em seis anos cresceu para 39%, de 31%, e a quantidade de alunos que se inscreveram para rotinas completas de estudos cresceu para 40%, ante 35%. Por meio do apoio ao esforço e do fomento a excelência.