Em 2019 existiam no Brasil 340 cursos de medicina em funcionamento. Desses 136 operavam nas capitais do país e 204 no interior. Esse seria o critério mais lógico para utilizarmos seguindo a premissa que houve uma interiorização do ensino da medicina. Contudo existe uma grande diferença entre as capitais do brasil. O conjunto das 26 capitais mais o Distrito Federal supera os 50 milhões de habitantes, representando, em 2021, 23,87% da população do país e muitas cidades do interior são maiores que muitas capitais.
Para o presente estudo precisamos de algum corte que nos traga a densidade demográfica das cidades para apontarmos sua capacidade de absorver toda a oferta das suas vagas de medicina. Aquelas com menor densidade precisariam importar alunos, uma vez que sua população não seria suficiente para gerar a relação de candidatos por vaga mínima e aquelas com maior densidade seriam.
E essa é uma relação de maiores e menores cidades independentemente do seu status.
Claramente a procura é maior pelas vagas nas cidades maiores do que nas menores numa proporção de quase 2 para um entre as maiores e as menores cidades.
Então segmentaremos as cidades com menos de 1 milhão de alunos e suas 235 faculdades públicas e privadas de medicina com seus 115.246 alunos de medicina e DUAS hipóteses:
50% e 90% deles se mudam de cidade para seu curso superior (pela minha experiência esse numero está mais próximo de 90% do que o contrário).
A PESQUISA ORIGINAL
O Centro Universitário de Valença (UNIFAA) divulgou os resultados de uma pesquisa inédita no país que analisou o impacto econômico dos alunos do curso de Medicina na cidade.
O Curso de Medicina da instituição, um dos 10 mais antigos do país, sempre foi reconhecido e querido pela população sul fluminense e ao longo de 57 anos a cidade acolhe estudantes vindos de todos os locais do Brasil.
Pela primeira vez, em 2023, foram mapeados pelo Centro de Saúde e Qualidade de Vida do Estudante os seus gastos, trazendo informações importantes para a economia local e apontando algumas oportunidades para os empreendedores da região.
A pesquisa conta com um Grau de confiança de 90% e Margem de erro de 5%.
A pesquisa, projetou os alunos ingressados ao longo dos seis últimos anos e contou com a participação de 217 alunos do curso de Medicina do UNIFAA, matriculados entre 2017 e 2023. Os resultados demonstraram que os estudantes de Medicina têm um papel significativo na movimentação financeira da cidade, com gastos que variam em diferentes categorias. A coleta foi feita de maneira 100% anônima.
Entre os anos de 2018 e 2023, os estudantes pesquisados gastaram um total de aproximadamente R$ 367.263.772,51. Os gastos foram distribuídos em várias áreas importantes como alimentação, transporte, moradia, vestuário, lazer, saúde, motoristas de aplicativo e outras.
Alguns destaques dos resultados da pesquisa incluem:
Gastos com Moradia. O valor médio mensal gasto com ALUGUEL pelos estudantes foi de aproximadamente R$ 1.146,06 (1.686,59 reais se considerados outros gastos com moradia como condomínio e contas de consumo). Por ano os estudantes deixam na economia local R$ R$ 28.537.172,29 somente com moradia.
Ainda por ano gastam quase 9 milhões de reais com supermercados e outros R$ 10.362.947,83 com alimentação (em torno de 7 milhões com restaurantes e outros 3,2 milhões em aplicativos de comida).
Gastam ainda 2.2 milhões de reais com transportes sendo desses 1.7 milhão reais com motoristas de aplicativo.
O impacto econômico, como é sentido pela comunica local, reflete em diversos segmentos.
Por anos os 1.441 alunos de medicina gastam 2.5 milhões de reais em Vestuário e mais de 3.2 milhões em entretenimento.
Gastam ainda 3.4 milhões com saúde na cidade.
Os alunos gastam todos os anos R$ 61.210.628,75. Um importante indutor de PIB e um incremento na receita do município fundamental para seu desenvolvimento social.
“A pesquisa destaca o papel fundamental dos estudantes de Medicina na economia de Valença. Compreender seus gastos e necessidades nos ajuda a criar um ambiente mais propício para seu crescimento pessoal e acadêmico dos alunos e da economia local”, disse Leandro Rider, coordenador da pesquisa e dire tor do Centro de Saúde e Qualidade de Vida do Estudante do UNIFAA.
O UNIFAA tem o compromisso contínuo de apoiar seus estudantes e a comunidade local, promovendo oportunidades para o desenvolvimento acadêmico e socioeconômico da região.
E no Brasil?
Os números são – logicamente – superlativos. Assumindo todas as premissas acima, e cruzando elas com os dados da pesquisa, podemos afirmar que a mobilidade acadêmica APENAS dos estudantes de medicina no país representa um impacto nas economias locais de municípios com até um milhão de habitantes de até 4,5 bilhões de reais por ano (em torno de 27 bilhões ao longo de um ciclo de seis anos). Um PIB maior que o de 95% dos municípios brasileiros e um importante motor econômico dessas cidades.