Hoje o dia foi marcado pela prisão de um marqueteiro. O termo foi auto infligido pelos próprios profissionais do segmento o que me remete a expressão “em casa de ferreiro o espeto é de pau”. Nunca fui muito entusiasta dessa expressão. No meu rol de ditados populares ela comunga do mesmo status da máxima “o ótimo é inimigo do bom”.
São aforismos acomodados que nos remetem à conveniência, a preguiça e a letargia.
O “ótimo” é melhor que o “bom”. E ponto. Quer fazer o “bom” com medo do esforço do “ótimo”: faça-o! Mas bem longe de mim.
E se na casa desse “Ferreiro” o espeto é mesmo de pau, ele deve ser um péssimo artífice do ferro.
Na melhor das hipóteses um marceneiro regular.
Enfim,
não o contrataria nem para uma coisa nem para outra…
Os profissionais de marketing são um pouco como o “Ferreiro”, da célebre
expressão, frustrado com seu “Espeto de Pau”.
Bufões
da imagem, falastrões das marcas sólidas, quando mal conseguem cuidar do seu
quintal. Falam de posicionamento quando sequer conseguiram legalizar sua
atividade. Somos uma categoria sem nome, é fato!
Às vezes somos publicitários, em outras administradores, pesquisadores e
estatísticos, relações publicas e designers. Promiscuamente transitamos entre
as ciências e as doutrinas. Somos os ronins da gestão. Samurais sem causa
defendendo bandeiras de ocasião.
A profissão é multidisciplinar. Talvez resida nesse fato o distúrbio de
personalidade que acomete os trabalhadores da área.
A esquizofrenia nasce no nome da profissão ou na ausência de um nome que se
preze.
De um lado usamos a expressão “profissionais de marketing”. Os Profissionais de
Marketing estão para o mercado, como
as Profissionais do Sexo estão para o amor.
Doravante somos chamados jocosamente de Marqueteiros. Pior impossível.
Ou talvez pudesse ser. Com esforço eu nos batizo: Marquetistas!
“Istas” e “Eiros” são sufixos que designam profissões, chamados na língua
portuguesa de agentivos. A oposição entre os dois estaria vinculada ao status.
Dessa forma, os agentivos em “-ista” designariam profissões de maior prestígio
sócio-cultural ao passo que os agentivos em “-eiro” designariam ocupações de
pouco ou nenhum prestígio e, até mesmo, marginalizadas.
Especialista e Dentista
são “istas” e biscateiro é “eiro”, assim como o é o “marketeiro”.
A história do nome está relacionada à história da atividade em nosso país.
Segundo nos esclarece o Prof. Marcos Cobra, no Brasil da década de 1950, não
havia ainda profissionais de marketing.
“Quando a pioneira Escola de Administração
de Empresas de São Paulo (EAESP) da Fundação Getúlio Vargas, em 1954,
introduziu o conceito de marketing, o fez aportuguesando a expressão para
“mercadologia”, fato que logo foi acompanhado pela Faculdade de Economia e
Administração da Universidade de São Paulo. Com o passar dos anos, no entanto,
o termo em inglês ganhou força e a própria EAESP acabou abandonando o
neologismo e adotando o termo em inglês para a disciplina que estuda as
complexas relações entre consumidores e produtores de bens e serviços. Isso
aconteceu no final dos anos de 1990”.
Vamos levantar uma
bandeira pela profissão!
Ok! Qualquer substantivo é melhor que “mercadólogo” e o destino nos poupou de
sermos todos “mercadologistas”.
Acertaram ainda a pouco o nome da profissão, mas esqueceram-se dos
profissionais.
Eu defendo e chamo para mim a causa da forma de tratamento adotada ser aquela
utilizada por nossos irmão lusitanos. Em Portugal somos
Marketeers.
Marketeers. Não Musqueteers. Ainda que por vezes…