Se você administrasse um serviço capaz de dobrar o salário das pessoas e protegê-las do desemprego (disfunções demográficas) seu marketing promoveria esse serviço com base:
a) nos benefícios que ele traz?
b) em como ele traz esses benefícios?
Essa pergunta longa contém uma provocação impertinente para os executivos de marketing educacional. Uma vez que “cursar faculdade dobra o salário das pessoas” nosso exercício de posicionamento seria menos árido se nós compreendêssemos que nossa proposta de valor é monumental. Gastaríamos mais energia relatando “o quê” e menos no “explicando como”.
Isso na média.
Instituições melhores e sustentáveis agregam muito mais a vida de seus clientes!
De maneira geral conforme pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), para cada ano de estudo, o salário aumenta quase 15%. O ensino médio aumenta o salário em 50% em relação ao fundamental, por exemplo.
E os dados só melhoram!!!
Segundo o relatório “Um Olhar sobre a Educação” da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) – publicado no final do ano passado, o Brasil é o país onde cursar o ensino superior aumenta mais as chances de empregabilidade. Isso entre entre todos os 46 países analisados pela entidade. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc) a taxa de desemprego no final do ano passado para quem tinha faculdade (5,9%) era metade daquela de quem possuía o superior incompleto (13,3%).
Um trampolim sem paralelo para o mercado!!!
Mais emprego e salários maiores
Além de aumentar sua empregabilidade, uma pessoa com o diploma universitário no Brasil ganha 2,5 vezes mais do que alguém com ensino médio. Isso segundo a OCDE. O IBGE havia concluído na metade do ano passado que graduar-se no ensino superior triplicava a renda em nosso país.
A PNAD apontava que o rendimento médio mensal dos profissionais com faculdade havia sido de R$ 5.110 por mês em 2017. Os que completaram apenas o ensino médio ganharam R$ 1.727 em média.
Comparados com os trabalhadores sem qualquer nível de instrução (renda média de R$ 842) quem tinha nível superior havia ganho seis x mais.
Uma alavanca salarial sem precedentes!!!
Estudar no Brasil é o melhor investimento que uma pessoa pode fazer em todos os países da OCDE… risco é baixo e retorno sobre o investimento garantido.
Mas essa loucura não se exaure nessa coleção de dados!!!
Uma máquina de gerar prosperidade ociosa e semi-ocupada
O ensino superior presencial brasileiro possuía em 2016 um total de 6.5 milhões de alunos distribuídos nos sistemas público e privado de ensino. Desses 4.6 milhões de alunos estudavam nos provedores privados de educação.
Esse contingente é uma fração da capacidade potencial de acolhimento de estudantes. Construímos ao longo das últimas duas décadas uma infraestrutura que nos permite absorver anualmente mais de 3.4 milhões de novos estudantes.
Para efeito de analise se todas essas vagas fossem para cursos de 4 anos (bacharelados e licenciaturas) nosso sistema teria 13.6 milhões de bancos escolares. Se fossem vagas para cursos de 2 anos (tecnólogos) teríamos uma capacidade instalada para atender 6.8 milhões de discentes.
NÚMEROS ESSES PARCIAIS AO SISTEMA PRIVADO DE ENSINO SUPERIOR PRESENCIAL.
Não contabilizamos, portanto, o EAD ou as IES públicas que poderiam dobrar essa estatística. De qualquer maneira entre 66% e 33% de nossa estrutura encontra-se desocupada. Entre 8.9 milhões e 4.4 milhões de oportunidades não realizadas e de progresso contingenciado.
Um problema de ordem macroeconômica em um contexto onde 8,3 de cada 10 alunos que irão se formar no ensino médio no final de 2019 NÃO IRÃO ACESSAR A FACULDADE NO TEMPO CORRETO. Em nosso país apenas 17% das pessoas em idade universitária ocupa uma vaga no ensino superior.
Uma demanda de futuro represada e a triste história de destinos felizes que jamais acontecerão.
Em uma conta simples e despreocupada, preenchendo essas 8 milhões de vagas em quatro anos e agregando os 3 mil reais mensais de salário em cada uma dessas vidas teríamos a entrada na economia de 30,2 bilhões de reais. Por mês. O PIB do Brasil é apenas 18x esse valor.
Uma virtuosa injeção de dinheiro e conhecimento na sociedade e o fim do abismo social que persegue gerações de brasileiros desde o início dos tempos.
Disfunções demográficas: um país de “doutores” e um abismo social.
A Mercer é uma consultoria global que há 35 anos mensura o gap salarial entre o topo executivo e a base operária das carreiras.
Em um país com escassez de talentos em um continuado e persistente apagão de oportunidades essa diferença chega a 34 x. Como base de comparação na Argentina esse hiato é de 11 vezes. Na Alemanha 5x e no Japão 7x. Quanto maior o contingente de diplomas na população menor a distância dos salários em geral.
Essa evidência fecha uma triste narrativa. Em uma extremidade temos a causa. O baixíssimo acesso a estrutura que está em pé (ainda que oca). Na outra, a consequência. Um país de “doutores” com um prêmio superestimado por ano estudado.
E aí? Bora ocupar essas vagas ociosas?
Em 2010 escrevemos com outros autores atendendo a um pedido da CM Consultoria, um paper sobre o tema. Na ocasião a analise foi uma demanda do próprio MEC. O link para download segue a seguir: