Assim como a matéria é formada por moléculas e moléculas são formadas por átomos, uma Universidade é a composição de seus cursos superiores. Seus cursos superiores são formados, por sua vez, por suas disciplinas e cada disciplina é ministrada pelo conjunto de suas unidades de aprendizagem que usualmente chamamos de aulas.
As próprias aulas possuem seus prótons e elétrons, suas frações, quando observadas de perto. Apresentação, Conteúdos, Leituras, Debates, Pesquisas, Desafio e Exercícios sistematicamente constituem uma aula.
As aulas seriam, assim, o substrato fundamental de uma instituição de ensino. Quando falamos em ocupação plena de vagas, consequentemente, falamos da ocupação plena da sala de aula. A danosa ociosidade é, então, o reflexo de aulas ociosas.
Toda a gestão acadêmica dá-se em nível molecular, dessa forma, calçada no controle desse tempo de aula.
Contrariando essa premissa da administração escolar, toda a venda de qualquer faculdade é a venda de um curso e peremptoriamente nenhuma escola leva ao mercado a partição de seu produto. E ao perspectivar a faculdade dividida as possibilidades se multiplicam.
Primeiramente no nível das disciplinas. Tomemos como exemplo o curso Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo (área pela qual me apaixonei tardiamente), com carga horária total de 3528 horas (em um grande Centro Universitário de São Paulo). Essas horas / aula são parceladas em 71 disciplinas: 2 maiores com 108 horas/aula, 23 com 72 h/a e 46, menores, com 36 h/a. Descontando aqueles módulos complexos como as 8 disciplinas componentes do Projeto Integrador (que concentram 288 horas), disciplinas eletivas e optativas, projetos de conclusão de curso e outras que possuem requisitos para sua compreensão, sobra ainda um incrível cardápio de 65 opções maravilhosas que certamente teriam uma ampla demanda se comercializadas com campanas adequadas e nos Market Places corretos.
Cursos de Extensão de ‘Arquitetura Contemporânea” (36h/a); “Fundamentos do Urbanismo” (36h/a); “História da Arquitetura e da Cidade” (36h/a); “História da Arquitetura Moderna” (36h/a); “Materiais e Processos de Modelagem” (36h/a), atualmente relegados ao papel molecular de disciplinas possuem demanda manifestada sendo oferecidos, em alguns casos, por escolas e institutos independentes como Cursos Livres.
E, na contramão da megatendência da atomização do conhecimento (vide Lynda.com), as escolas viram as costas e agarram-se ao seu paradigma da comercialização do diploma.
Faz todo sentido e essa é a atividade fim das instituições de ensino.
Mas preencher a ociosidade com estudantes interessados apenas em algumas Unidades de Aprendizagem ministradas na forma de mini-cursos, poderia trazer uma heterogeneidade maior para a sala de aula, com alunos com experiências diversas interagindo com seus discentes e tornar-se uma importante fonte de receita e de recursos para as IES. No nível molecular.
Uma gestão mais sofisticada poderia seccionar suas disciplinas e vender suas aulas.
Aprimorando ainda mais, poderia vender pacotes
de horas / aula a serem consumidas em todos os cursos de acordo com a
disponibilidade de vagas. Repensando o negócio educacional e alinhando-o com o
perfil do consumidor moderno.