Já há algum tempo universidades no exterior vem trazendo em suas proposições de vendas o salário médio dos egressos de seus cursos. As vezes esse valor é calculado comparando-se as receitas dos ingressantes com as dos formandos, as vezes com a dos egressos depois de 5 anos no mercado.
O fato é que a pesquisa de média salarial permite dar alguma concretude ao serviço educacional de nível superior. Permite a consecução de um ROI para os jovens vestibulandos.
E num futuro onde todas as universidades investiguem e tornem públicos esses dados, permitirá que os calouros comparem, fundamentados, a relação custo benefício apoiados nesse indicador.
Isso comparando tomates com tomates.
Uma outra questão emerge no mercado de trabalho dos países desenvolvidos. Principalmente quando consideradas instituições premium (a IVY League Norte Americana).
Uma recente reportagem da The Economist trouxe à luz esse tema.
“Nos EUA, o diploma universitário ainda proporciona, em média, retornos de 15%. O que não está tão claro é se esse investimento crescente na educação de 3º grau faz sentido para a sociedade como um todo. Se os salários pagos às pessoas com ensino superior são mais altos porque seus anos a mais de estudo as tornam mais produtivas, então a sociedade faz bem em investir nas universidades. Mas não é bem isso que sugere o fraco desempenho acadêmico dos estudantes americanos. E a desconfiança é reforçada por relatos de empregadores. Estudo recente realizado junto a empresas que costumam contratar jovens formados por universidades prestigiosas mostra que o importante para elas não é o que esses jovens potencialmente aprenderam em seus cursos, mas o fato de terem se submetido aos exigentes processos seletivos dessas instituições. Ou seja, talvez os estudantes estejam pagando mensalidades escolares elevadas apenas para passar por mecanismos seletivos extremamente rigorosos. Mas se as universidades americanas de fato não oferecem retornos que justifiquem os altos investimentos que recebem, qual seria a razão disso? Um dos principais motivos é que o mercado de ensino superior, como o de saúde, não funciona bem. Os recursos governamentais são alocados levando-se em conta o desempenho das instituições na área de pesquisa, e é nisso que seus corpos docentes se concentram. Por sua vez, os estudantes buscam um diploma que impressione na hora de fazer uma entrevista de emprego; e os empregadores estão mais interessados na seletividade da instituição pela qual o candidato se formou. Como o valor de um diploma emitido por uma universidade prestigiosa depende de sua escassez, não é do interesse da instituição ampliar o número de formados. Na ausência de critérios claros que permitam avaliar o desempenho acadêmico dos estudantes, o preço das mensalidades faz as vezes da qualidade do ensino. Cobrando mais caro, as boas universidades abocanham mais recursos e mais prestígio.”
Esse questionamento é claramente percebido no mercado de trabalho. Alunos de instituições populares tendem a ser preteridos cedendo espaço aos estudantes de instituições de elite, exclusivas, em processo de trainees. Processos que objetivam a contratação e formação de futuros líderes etc. Mas para a contratação de funcionários de níveis administrativos básicos muitas empresas repelem currículos super qualificados pela excessiva pretensão de seus detentores. Muitas vezes um candidato oriundo de uma escola mais popular irá valorizar mais seu cargo inicial – de Analista, supomos, que seu par “melhor formado”.
Inseridos na máquina corporativa todos
ambicionarão a presidência da empresa. Ainda que partindo de começos diversos.
E muitos altos executivos tem, cada vez mais, emergido de faculdades menos
prestigiadas. Por meio de seu mérito, esforço e humildade.