As revoluções culturais que acometem o mundo, muitas vezes passam despercebidas. Chegam devagar, em roupa de carneiro, e quando damos conta mudaram tudo.
Nos anos 60, quando do grito por “paz, amor e
igualdade” e sua distorcida alienação “sexo drogas e rock`n roll”, a revolução
saltou aos olhos. Com suas batinas e flores nos cabelos a juventude saía às
ruas, e tomava o mundo, as telas dos cinemas, a literatura e a música. Os
valores ali perpetrados duraram gerações.
Hoje, contudo, uma contra revolução cultural se articula nas entrelinhas das
pesquisas sociais, em decorrência dos efeitos nefastos da pobreza e do
desemprego.
Uma pesquisa inédita feita em 2015 pelo Universia e Trabalhando.com com 5 mil jovens
ibero-americanos revela que o foco do interesse da nossa juventude mudou. Os
jovens de hoje são mais parecidos com seus pais do que esses foram na sua
primavera.
Em 2002 o SEBRAE havia rodado uma pesquisa semelhante. Enquanto ir à escola,
fazer vestibular e cursar uma faculdade lideravam a lista de interesses dos
jovens do começo dos anos 2000 com 38% das respostas, as preocupações com o
futuro profissional vinham em segundo lugar com 37%.
Os anos 2000 mudaram a perspectiva desse público. A preocupação com o emprego saltou para a primeira posição com 38% das respostas, seguido pela educação com 23%.
A velha tríade, o antigo estandarte da liberdade que ilustrou as bandeiras hippies de 40 anos atrás, os ícones hedonistas do sexo, das drogas e da música, ainda apareciam na pesquisa de 2002, em última colocação, com 7% e 6% de interesse, respectivamente e desapareceram frente a problemas do milênio, como temas sociais, corrupção, política e terrorismo.
Como tudo o mais esses dados têm seu enfoque positivo e seu lado ruim. Enquanto demonstram uma maior preocupação com o futuro e uma motivação pelo crescimento pessoal, são motivados pelo medo do desemprego e com o futuro.
Fomos atropelados, novamente, pelo noticiário na semana passada quando veio a superfície que o desemprego em todo o País chegou a 25,7% entre os jovens de 18 a 24 anos no terceiro trimestre de 2016, de acordo com Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O mais próximo desse percentual registrado na pesquisa foi em 2004, quando índice esteve em 25,1%.
De concreto temos uma mudança em pleno andamento. Só
que dessa vez nossos jovens estão tomando as ruas em busca de emprego e da
promessa de uma vida melhor e a revolução nos valores ocorreu longe da mídia,
dos cineastas e das câmeras. Até porque o romantismo não faz parte dessa
história.
E o que isso tem a ver com o seu mercado e com a gestão universitária?
O seu serviço – e o resultado lógico dele (empregabilidade) – são a preocupação número um do seu principal público alvo. Ainda assim a competição faz com que muitos player abandonem a partida em decorrência da falta de clientes. Isso leva a uma única conclusão. Que qualidade cada vez mais é essencial para a manutenção e o futuro das IES’s, assim como posicionamento claro e planejamento estratégico. E que se seus cursos não estão empregando seus egressos talvez seja hora de repensar sua faculdade e seu marketing de maneira geral …